O caçador de planetas da NASA, Kepler, regressou à atividade com a descoberta do primeiro exoplaneta durante a sua nova missão (K2).
© CfA/David Aguilar (ilustração do novo exoplaneta)
A descoberta foi feita quando os astrônomos e engenheiros desenvolveram uma forma engenhosa de redirecionar o Kepler para a missão K2 e continuar a sua busca por outros mundos no cosmos.
"No Verão passado, a possibilidade de uma missão científica produtiva para o Kepler, após a falha na roda de reação durante a sua missão estendida, não fazia parte da conversa," afirma Paul Hertz, diretor da divisão de astrofísica da NASA na sede da agência em Washington. "Hoje, graças a uma ideia inovadora e a muito trabalho duro pela equipa da NASA e da Ball Aerospace, o Kepler pode muito bem fornecer os primeiros candidatos para estudos de acompanhamento do telescópio espacial James Webb, a fim de caracterizar as atmosferas de mundos distantes e procurar sinais de vida."
O pesquisador principal Andrew Vanderburg, estudante de pós-graduação do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica (CfA) em Cambridge, analisou dados disponíveis publicamente e recolhidos pelo telescópio durante um teste da missão K2 em Fevereiro de 2014. A descoberta foi confirmada com medições obtidas pelo espectrógrafo HARPS-Norte do telescópio Nazionale Galileo nas Ilhas Canárias, que captou a oscilação da estrela provocada pela força gravitacional do planeta na sua órbita.
O planeta recém-confirmado, HIP 116454b, tem 2,5 vezes o diâmetro da Terra e segue uma órbita íntima de nove dias ao redor de uma estrela mais pequena e fria que o nosso Sol, o que torna o planeta demasiado quente para a vida como a conhecemos. HIP 116454b e a sua estrela estão localizados a 180 anos-luz da Terra, na direção da constelação de Peixes.
A câmara a bordo do Kepler detecta planetas procurando trânsitos, quando uma estrela distante diminui ligeiramente de brilho devido à passagem de um planeta, a partir da perspectiva da Terra. Quanto mais pequeno o planeta, mais fraca a diminuição de brilho, por isso as medições têm que ser primorosamente precisas. Para atingir essa precisão, o telescópio tem que manter-se constantemente apontado ao objeto de estudo. Em Maio de 2013, a coleta de dados durante a missão principal estendida do Kepler chegou ao fim com a avaria da segunda das quatro rodas de reação, que são usadas para estabilizar o telescópio.
Em vez de desistirem do Kepler, uma equipe de cientistas e engenheiros elaborou uma estratégia engenhosa de usar a pressão da luz solar como uma "roda de reação virtual" para ajudar a controlar o telescópio. A missão resultante, K2, promete não só continuar a caça exoplanetária do Kepler, mas também expandir a pesquisa para estrelas próximas e brilhantes que abrigam planetas e que podem ser estudadas em detalhe para melhor compreender a sua composição. A missão K2 também vai introduzir novas oportunidades para observar eaglomerados estelares, galáxias ativas e supernovas.
Planetas pequenos como HIP 116454b, em órbita de estrelas próximas e brilhantes, estão numa posição favorável para a missão K2, pois dão boas perspectivas para estudos de acompanhamento no solo com o objetivo de obter medições de massa. Usando as medições de tamanho do K2 e as medições da massa obtidas aqui na superfície da Terra, os astrônomos podem calcular a densidade de um planeta para determinar se é provavelmente um mundo rochoso, aquático ou gasoso.
"A missão Kepler mostrou-nos que planetas maiores que a Terra (em tamanho) e mais pequenos que Netuno são comuns na Galáxia, mas estão ausentes no nosso Sistema Solar," afirma Steve Howell, cientista do projeto Kepler no Centro de Pesquisa Ames da NASA. "A missão K2 está singularmente posicionada para refinar dramaticamente a nossa compreensão desses mundos alienígenas e definir melhor a fronteira entre mundos rochosos como a Terra e gigantes de gelo como Netuno."
Desde que a missão K2 começou oficialmente em Maio de 2014, observou mais de 35.000 estrelas e recolheu dados sobre enxames, regiões densas de formação estelar e vários objetos planetários dentro do nosso Sistema Solar. Está atualmente na sua terceira campanha.
Um artigo científico que explica esta descoberta foi aceito para publicação na revista The Astrophysical Journal.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics
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