sábado, 26 de maio de 2018

Estudo examina a história das pequenas luas de Saturno

As pequenas luas interiores de Saturno parecem-se com ravioli e spaetzle gigantes.

formato das luas de Saturno

© Cassini (formato das luas de Saturno)

A sua forma espetacular foi revelada pela sonda Cassini. Pela primeira vez, pesquisadores da Universidade de Berna mostram como estas luas foram formadas. As formas peculiares são um resultado natural das colisões e fusões entre pequenas luas de tamanho semelhante, como demonstram simulações em computador.

Dado que Saturno tem 95 vezes mais massa do que a Terra e as luas interiores orbitam o planeta a uma distância menos de metade da distância Terra-Lua, as marés são enormes e separam quase tudo. Portanto, as luas interiores de Saturno não poderiam ter-se formado com estas formas peculiares através da acreção gradual de material em torno de um único núcleo. Um modelo alternativo chamado regime piramidal sugere que estas luas foram formadas por uma série de fusões de pequenas luas de tamanho similar.

Os pesquisadores puderam verificar o regime piramidal, e ainda mostraram que as colisões das pequenas luas resultaram, exatamente, nas formas fotografadas pela sonda Cassini. Fusões de frente (ou quase de frente) levaram a objetos achatados com grandes cristas equatoriais, como observado em Atlas e Pã. Com ângulos de impacto um pouco mais oblíquos, as colisões resultaram em formas mais alongadas parecidas com massa alemã (spaetzle), como na lua Prometeu, de 90 km de comprimento, fotografada pela Cassini.

Com base na órbita atual das luas e no seu ambiente orbital, os cientistas foram capazes de estimar que as velocidades de impacto foram da ordem das dezenas de metros por segundo. Simulando colisões para vários ângulos de impacto, obtiveram várias formas estáveis parecidas, mas apenas para ângulos de impacto baixos. Se o ângulo de impacto for maior do que dez graus, as formas resultantes já não são estáveis. Qualquer objeto em forma de "patinho de borracha", como o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, desmoronaria por causa das marés de Saturno. É por isso que as pequenas luas de Saturno parecem muito diferentes dos cometas que geralmente têm formas bilobadas.

Curiosamente, as colisões frontais não são tão raras quanto se poderia achar. Pensa-se que as pequenas luas interiores tenham origem nos anéis de Saturno, um disco fino localizado no plano equatorial do planeta. Como Saturno não é uma esfera perfeita, mas sim oblata, torna difícil que qualquer objeto deixe este plano estreito. Assim, colisões quase de frente são frequentes e o ângulo de impacto tende a diminuir ainda mais em encontros subsequentes.

Embora os pesquisadores se tivessem concentrado principalmente nas pequenas luas interiores de Saturno, também descobriram uma possível explicação para um mistério de longa data a respeito da terceira maior lua de Saturno, Jápeto. Porque é que Jápeto tem uma forma oblata e uma crista equatorial distinta? Os resultados de modelagem sugerem que estas características podem ser o resultado de uma fusão entre luas de tamanho idêntico que ocorrem a um ângulo próximo do frontal, semelhante às luas menores.

Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: University of Bern

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