terça-feira, 10 de março de 2020

ALMA avista estrela idosa e metamorfósica

Usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), uma equipe internacional de astrônomos captou o momento exato em que uma estrela antiga começa a alterar o seu ambiente.


© ESO/ALMA (sistema W43A)

A imagem acima mostra o velho sistema W43A. A alta velocidade dos jatos bipolares ejetados da estrela antiga central podem ser vistos em azul, os fluxos de baixa velocidade têm cor verde e as nuvens poeirentas incorporadas pelos jatos estão a laranja.

A estrela ejetou jatos velozes e bipolares de gás que estão agora colidindo com o material circundante; a idade estimada do jato observado corresponde a menos de 60 anos. Estas são características fundamentais para entender como são produzidas as formas complexas das nebulosas planetárias.

As estrelas parecidas com o Sol evoluem para gigantes vermelhas e inchadas na fase final das suas vidas. Aí, a estrela expele gás para formar um remanescente chamado nebulosa planetária. Existe uma grande variedade nas formas das nebulosas planetárias; algumas são esféricas, mas outras são bipolares ou apresentam estruturas complicadas. Os astrônomos estão interessados nas origens desta variedade, mas a poeira e o gás espesso expelidos por uma estrela velha obscura o sistema e dificultam a análise do funcionamento interno do processo.

Para resolver este problema, uma equipe de astrônomos liderada por Daniel Tafoya da Universidade de Tecnologia de Chalmers, Suécia, apontou o ALMA para W43A, um antigo sistema estelar na direção da constelação de Águia.

Graças à alta resolução do ALMA, foi obtida uma visão muito detalhada do espaço em torno de W43A. A equipe descobriu que a velocidade dos jatos é tão alta quanto 175 km/s, o que é muito maior do que as estimativas anteriores. Com base nesta velocidade e no tamanho dos jatos, foi calculada a idade dos jatos como sendo inferior ao tempo de vida do ser humano.

"Considerando a juventude dos jatos em comparação com a vida útil de uma estrela, é seguro dizer que estamos testemunhando o 'momento exato' em que os jatos começaram a empurrar o gás circundante," explica Tafoya.

Realmente, a imagem do ALMA mapeia claramente a distribuição de nuvens empoeiradas incorporadas pelos jatos, o que é uma evidência reveladora de que está impactando o ambiente.

A equipe assume que esta incorporação é a chave para produzir uma nebulosa planetária de forma bipolar. No seu cenário, a estrela idosa originalmente ejeta gás esfericamente e o núcleo da estrela perde o seu invólucro. Se a estrela tiver uma companheira, o seu gás é "derramado" para o núcleo da estrela moribunda e uma porção deste novo gás forma os jatos. Portanto, ter ou não uma companheira é um fator importante para determinar a estrutura da nebulosa planetária resultante.

Algumas estrelas antigas mostram emissões de rádio características das moléculas de água. Supõe-se que manchas destas emissões de água indicam a região da interface entre os jatos e o material circundante. Isto é denominado "fontes de água" e pode ser um sinal de que a fonte central é um sistema binário que lança um novo jato.

Existem apenas 15 objetos 'fonte de água' identificados até ao momento, apesar de existirem mais de 100 bilhões de estrelas na nossa Via Láctea. Isto porque provavelmente a vida útil dos jatos é bastante curta, de modo que temos muita sorte em observar objetos tão raros.

O estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: National Radio Astronomy Observatory

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