domingo, 28 de junho de 2015

Buraco negro monstruoso acorda após 26 anos

Astrônomos usando uma frota de telescópios orbitais, incluindo o Integral da ESA, o Swift da NASA, e o telescópio MAXI do Japão, estão observando uma forte explosão de raios gama e de raios X produzidos por um buraco negro de pouca massa localizado no sistema binário conhecido como V404 Cygni.

ilustração de um buraco negro com uma companheira estelar

© ESA/ATG medialab (ilustração de um buraco negro com uma companheira estelar)

O sistema V404 Cygni, localiza-se na constelação de Cygnus, a uma distância aproximada de 8.000 anos-luz da Terra. Ele é um sistema binário composto de um buraco negro e uma estrela, ambos orbitando entre si.

Nesse tipo de sistema binário, o material flui da estrela em direção ao buraco negro e se aglomera num disco, onde ele esquenta e brilha intensamente na luz óptica, no ultravioleta e nos comprimentos de ondas de raios X, antes de espiralar e cair no buraco negro propriamente dito.

O V404 Cygni chamou a atenção pela primeira vez durante uma explosão de nova ocorrida a mais de 70 anos atrás em 1938.

O sistema também produziu uma erupção em 1989, que foi descoberta pelo satélite de raios X japonês GINGA e pelos instrumentos de alta energia a bordo da estação espacial MIR.

A explosão de 1989 (Nova Cygni 1989) foi crucial no estudo dos buracos negros. Até então, os astrônomos conheciam somente poucos objetos que eles pensavam poderiam ser buracos negros, e o V404 Cygni foi um dos candidatos mais convincentes.

No dia 15 de Junho de 2015, os primeiros sinais de uma atividade renovada nesses sistema foram registrados pelo satélite Swift da NASA, detectando uma súbita explosão de raios gama, e então disparando as observações feitas com os telescópios de raios X. Pouco depois, o japonês MAXI (Monitor of All-sky X-ray Image) observou um emissão de raios X da mesma parte do céu.

Como parte do esforço mundial, o observatório de raios gama INTEGRAL começou a monitorar a explosão do burado negro no dia 17 de Junho de 2015.

“O comportamento dessa fonte é extraordinário no momento, com repetidos flashes brilhantes de luz numa escala de tempo muito curta de uma hora, algo raramente visto em outros sistemas de buracos negros. Nesse momento, esse se torna o objeto mais brilhante do céu em raios X, mais de 50 vezes mais brilhante do que a Nebulosa do Caranguejo, normalmente uma das fontes mais brilhantes nas altas energias no céu”, disse o Dr. Erik Kuulkers da ESA, cientista da missão INTEGRAL.

curva de luz da V404 Cygni

© INTEGRAL (curva de luz da V404 Cygni)

A imagem acima mostra a curva de luz da V404 Cygni, comparando a sua intensidade atualmente com a Nebulosa do Caranguejo.

Desde a primeira explosão registrada em 15 de Junho de 2015, o sistema permaneceu muito ativo, deixando os cientistas muito ocupados.

Existem poucos sistemas binários de buracos negros para os quais os dados tenham sido coletados simultaneamente em muitos comprimentos de onda, e a explosão atual do V404 Cygni oferece uma rara chance de integrar mais observações desse tipo.

Nas últimas semanas, algumas equipes de astrônomos ao redor do mundo publicaram mais de 20 Astronomical Telegrams e outras comunicações oficiais, compartilhando o progresso das observações nos diferentes comprimentos de onda.

“Agora que esse extremo objeto acordou novamente, nós estamos todos famintos para aprender mais sobre o motor que gera as explosões que nós estamos observando”, disse o Dr. Carlo Ferrigno, do Integral Science Data Center na Universidade de Genebra na Suíça.

“A comunidade não poderia estar mais feliz: muitos de nós não éramos astrônomos profissionais, no momento da primeira atividade, e os instrumentos e instalações disponível na época não podem ser comparadas com a frota de telescópios espaciais e a vasta rede de observatórios em terra que nós podemos usar hoje. Essa é definitivamente uma oportunidade que acontece uma vez na vida de um profissional”, disse o Dr. Kuulkers.

“As observações, em breve se tornarão disponíveis para o público, de modo que os astrônomos em todo mundo poderão explorá-las para aprender mais e mais sobre esse objeto único”, disse o Dr. Peter Kretschmar da ESA, um gerente para a missão INTEGRAL.

Fonte: ESA

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