Uma equipe internacional de astrônomos, liderada pelo pesquisador David Jones do Instituto de Astrofísica das Canárias e da Universidade de La Laguna, descobriu um sistema binário com um período orbital de pouco mais de três horas.
© IAC (nebulosa planetária M3-1)
A descoberta, que envolveu vários anos de campanhas de observação, não é apenas surpreendente devido ao período orbital extremamente pequeno, mas também porque, devido à proximidade de uma estrela com a outra, o sistema poderá resultar numa explosão de nova antes que a nebulosa de curta duração se dissipe.
As nebulosas planetárias são as conchas brilhantes de gás e poeira expelidas por estrelas parecidas com o Sol no final das suas vidas. O estudo focou-se na nebulosa planetária M3-1, uma firme candidata a ter sido o produto de um sistema binário devido aos seus espetaculares jatos, que são tipicamente formados pela interação de duas estrelas.
As observações rapidamente confirmaram as suspeitas dos pesquisadores. O brilho do sistema binário mudava muito depressa e isso podia significar um período orbital bastante curto. Realmente, o estudo revelou que a separação entre as estrelas é de aproximadamente 160.000 quilômetros, ou menos de metade da distância entre a Terra e a Lua.
Depois de várias campanhas de observação no Chile com o Very Large Telescope (VLT) do ESO e com o New Technology Telescope (NTT), os cientistas obtiveram dados suficientes para calcular as propriedades do sistema binário, como a massa, temperatura e tamanho de ambas as estrelas. "Para nossa surpresa, descobrimos que as duas estrelas eram muito grandes e que como estão tão próximas uma da outra, é muito provável que comecem a interagir novamente daqui a apenas alguns milhares de anos, talvez resultando numa nova," disse Paulina Sowicka, estudante de doutoramento no Centro Astronômico Nicolau Copérnico, Polônia.
O resultado contradiz as teorias atuais da evolução estelar binária que preveem que, ao formar a nebulosa planetária, as duas estrelas devem demorar um bom tempo antes de começar a interagem novamente. Quando o fizessem, a nebulosa deveria já ter-se dissipado e não ser mais visível. No entanto, uma explosão de nova em 2007, conhecida como Nova Vul 2007, foi encontrada dentro de outra nebulosa planetária, colocando os modelos em questão. No caso de M3-1 foi encontrado um candidato que talvez possa passar por uma evolução similar. Tendo em conta que as estrelas estão quase se tocando, não devem demorar muito para interagir novamente e, talvez, produzir outra nova dentro de uma nebulosa planetária.
Os resultados do estudo foram publicados na prestigiada revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Instituto de Astrofísica de Canarias
Nenhum comentário:
Postar um comentário