Explosões violentas de estrela hospedeira podem tornar os exoplanetas inabitáveis, afetando suas atmosferas.
© NASA/ESA/D. Player (estrela anã vermelha erodindo a atmosfera de planeta)
O telescópio espacial Hubble está observando tais estrelas através de um grande programa chamado HAZMAT (HAbitable Zones and M dwarf Activity across Time).
O termo astronômico anã M refere-se a uma estrela anã vermelha, o menor, mais abundante e mais duradouro tipo de estrela em nossa galáxia. O programa HAZMAT é um levantamento ultravioleta de anãs vermelhas em três diferentes idades: jovens, intermediárias e antigas.
Explosões estelares de anãs vermelhas são particularmente brilhantes em comprimentos de onda ultravioleta, em comparação com estrelas semelhantes ao Sol. A sensibilidade ultravioleta do Hubble torna o telescópio muito valioso para observar estas explosões. Acredita-se que as erupções sejam alimentadas por campos magnéticos intensos que se emaranham com os movimentos agitados da atmosfera estelar. Quando o emaranhado fica muito intenso, os campos se quebram e se reconectam, liberando enormes quantidades de energia.
A equipe descobriu que as labaredas das anãs vermelhas mais jovens, com cerca de 40 milhões de anos, são 100 a 1.000 vezes mais energéticas do que quando as estrelas são mais velhas. Esta idade mais jovem é quando os planetas sólidos estão se formando ao redor de suas estrelas.
Aproximadamente três-quartos das estrelas da nossa galáxia são anãs vermelhas. A maioria dos planetas da "zona habitável" da galáxia - planetas orbitando suas estrelas a uma distância onde as temperaturas são moderadas o suficiente para que a água líquida exista em sua superfície - provavelmente orbitam anãs vermelhas. Na verdade, a estrela mais próxima do nosso Sol, uma anã vermelha chamada Proxima Centauri, tem um planeta do tamanho da Terra em sua zona habitável.
No entanto, jovens anãs vermelhas são estrelas ativas, produzindo explosões ultravioletas que expelem tanta energia que poderiam influenciar a química atmosférica e, possivelmente, remover as atmosferas destes planetas iniciantes.
"O objetivo do programa HAZMAT é ajudar a entender a habitabilidade dos planetas em torno de estrelas de baixa massa," explicou Evgenya Shkolnik, da Universidade Estadual do Arizona. "Estas estrelas de baixa massa são criticamente importantes na compreensão das atmosferas planetárias."
Este estudo examina a frequência de explosões de 12 jovens anãs vermelhas. O programa de observação detectou uma das explosões estelares mais intensas já observadas na luz ultravioleta. Apelidado de "Hazflare", este evento foi mais enérgico do que a mais poderosa explosão de nosso Sol já registrado.
"Com o Sol, temos cem anos de boas observações. E, nesse tempo, vimos uma, talvez duas, labaredas que têm uma energia se aproximando da do Hazflare. Em um pouco menos de um dia de observações do Hubble dessas jovens estrelas, pegamos o Hazflare, o que significa que nós estamos olhando para superexplosões acontecendo todos os dias ou até mesmo algumas vezes por dia," disse Parke Loyd, da Universidade Estadual do Arizona.
Poderiam as superexplosões com tal frequência e intensidade banharem jovens planetas de intensa radiação ultravioleta que eles sempre perderiam as chances de habitabilidade? As explosões observadas têm a capacidade de retirar a atmosfera de um planeta. Mas isso não significa necessariamente a ocorrência da possibilidade de existência de vida no planeta. Pode ser apenas uma vida diferente do que imaginamos. Ou pode haver outros processos que poderiam reabastecer a atmosfera do planeta neste ambiente hostil.
A próxima parte do estudo HAZMAT será estudar anãs vermelhas envelhecidas intermediárias com 650 milhões de anos de idade. Em seguida, as anãs vermelhas mais antigas serão analisadas e comparadas com as estrelas jovens e intermediárias para compreender a evolução do ambiente de radiação ultravioleta de planetas de baixa massa em torno destas estrelas de baixa massa.
Os resultados da primeira parte deste programa estão sendo publicados no The Astrophysical Journal.
Fonte: Space Telescope Science Institute
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