Astrônomos captaram um objeto espacial raro e misterioso, incitando um esforço renovado para descobrir sua origem.
© MeerKAT (ORC1)
Os Círculos de Rádio Excêntricos (ORCs, em inglês) são enormes anéis de ondas de rádio. Apenas cinco já foram observados, e nunca em tantos detalhes. A imagem do círculo de rádio J2103-6200, também chamado ORC1, foi captada pelo radiotelescópio de alta resolução MeerKAT, na África do Sul, e forneceu aos astrônomos informações sem precedentes sobre estes fenômenos raros.
Os novos dados de rádio do MeerKAT mostram que o grande círculo externo do ORC1 pode ter mais de um milhão de anos-luz de diâmetro, ou seja, dez vezes o diâmetro da Via Láctea, com uma série de anéis menores no interior.
Os primeiros três ORCs, incluindo ORC1, foram descobertos usando o telescópio australiano Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP) em 2019. Um quarto foi identificado nos dados de arquivo do Radiotelescópio Gigante MetreWave, na Índia, em 2013, e um quinto foi descoberto por Koribalski em novos dados do ASKAP ano passado.
A maioria dos ORCs possui uma galáxia em seu centro, sugerindo que ela pode estar associada com seu surgimento. Cientistas também estão intrigados com o fato de que os ORCs foram observados apenas no espectro do rádio, e não foram detectados por telescópios ópticos ou de raios X. Pesquisadores propuseram três teorias para explicar a origem dos ORCs. A primeira é que eles são criados por uma onda de choque no centro de sua galáxia, de forma semelhante ao que acontece quando dois buracos negros supermassivos se unem. A segunda teoria é que eles são resultado de atividades de um núcleo ativo de galáxia, com emissões em jato de rádio lançando partículas para criar a forma do ORC. A terceira teoria é que os ORCs são carapaças geradas por uma região de intenso nascimento de estrelas no centro de suas galáxias.
Os ORCs até agora detectados foram encontrados principalmente com o ASKAP, devido a seu enorme campo de visão. Radiotelescópios geralmente são capazes de ver uma área do tamanho da Lua, enquanto o ASKAP pode escanear regiões 100 vezes maiores. Quando o ASKAP encontrou o ORC1, o MeerKAT foi usado para examiná-lo em mais detalhes, pois sua maior resolução provém uma imagem de rádio com muito mais definição.
Outros radiotelescópios de alta resolução ao redor do mundo provavelmente apontarão para estes objetos, particularmente quando a próxima geração destes instrumentos começar a operar nos próximos anos. Entre estes está o Square Kilometre Array, que terá milhares de antenas entre suas duas instalações na Austrália e na África do Sul, e o Very Large Array da próxima geração, nos Estados Unidos.
Um artigo sobre o assunto será publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Scientific American