A matéria não se distribui ao acaso no espaço, pois é a força gravitacional a responsável pela arquitetura do Universo, surgindo como o fator de organização de sistemas dinâmicos e em equilíbrio relativo. É possível verificar a existência de grupos de galáxias, constituídos por algumas dezenas de membros, nos quais a troca de matéria entre eles é evidente.
© NASA/Hubble (galáxia M31 e as galáxias satélites M32 e M110)
O Grupo Local de galáxias é um conjunto restrito de galáxias, incluindo a Via Láctea, que orbitam em torno de um centro de massa comum. Em 1936, Edwin Hubble introduziu o termo "Local Group", na obra "The Realm of the Nebulae", referindo-se a um grupo restrito de galáxias que se encontravam mais próximas da nossa do que as restantes. Ele referenciou 11 galáxias como sendo constituintes do Grupo Local. A lista, por ordem de luminosidade decrescente, incluía: M31, a Via Láctea, M33, a Grande Nuvem de Magalhães, a Pequena Nuvem de Magalhães, M32, NGC205, NGC6822, NGC185, IC1613 e NGC147. Ele também realça a galáxia IC10 como sendo um possível membro do Grupo Local.
© NASA/Hubble (galáxia M33)
Recentemente, devido ao projeto pioneiro "Palomar Sky Survey", lançado nos anos 50, foi possível catalogar mais galáxias pertencentes ao Grupo Local. Atualmente, conhecem-se cerca de 40 galáxias constituintes do Grupo Local, embora seja difícil definir com clareza se uma galáxia pertence ou não ao Grupo Local. Entretanto, é extremamente difícil medir a distância das galáxias locais, e outro grande obstáculo é o fato de as galáxias anãs possuírem uma baixa luminosidade intrínseca. A seguir a tabela mostra as galáxias contituintes do Grupo Local.
© Enciclopédia de Astronomia e Astrofísica (galáxias do Grupo Local)
Em 2011, a Agência Espacial Europeia irá lançar a missão espacial GAIA, que propiciará a criação do maior e mais preciso mapa tridimensional da nossa galáxia, fornecendo com uma precisão nunca antes alcançada a posição e a velocidade de deslocação radial de cerca de bilhões de estrelas na nossa galáxia; e estudar a órbita das galáxias do Grupo Local e a sua história cosmológica.
Um aspecto importante é compreender a distinção entre grupos de galáxias e enxames de galáxias. Os grupos de galáxias possuem tipicamente menos de 100 galáxias e um diâmetro típico em torno de 2 Mpc (megaparsec, que equivale a 3x10²² metros). A massa de um grupo médio é da ordem de 50 trilhões de massas solares (a massa do Sol é 2x10³³ gramas). Os enxames de galáxias possuem mais de 100 membros, podendo mesmo chegar atingir mais de dez mil, distribuindo-se ao longo de uma região do espaço com cerca de 6 Mpc de diâmetro. A massa de um enxame é da ordem de 1 quatrilhões de massas solares. Os grupos de galáxias são habitualmente estruturas de forma irregular, enquanto que os enxames de galáxias possuem uma fração significativa com forma regular e aproximadamente esférica.
O nosso Grupo Local estende-se ao longo de cerca de 1 Mpc de diâmetro. O Grupo Local possui uma massa total da ordem de 5 trilhões de massas solares, sendo que mais de noventa por cento desta massa se encontra sobre a forma de matéria escura.
O Grupo Local é constituído por duas galáxias principais: a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda (M31), sendo ambas responsáveis por cerca de 90% da luminosidade total do grupo. Para além destas ainda se destacam, pelas suas dimensões, a galáxia do Triângulo (M33) e as duas Nuvens de Magalhães. As galáxias anãs possuem uma reduzida luminosidade, encontram-se distribuídas num volume de cerca de 9,5 bilhões de anos-luz (1 ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros) de diâmetro, orbitando em torno das galáxias principais, ou estando isoladas no espaço. As nuvens de gás são outro dos constituintes do Grupo Local, sendo essencialmente constituídas por hidrogênio resultante da injeção de outras galáxias. Supõe-se que a matéria escura é a responsável pela estabilidade do grupo.
O futuro do Grupo Local não é promissor. Atualmente, sabe-se que a nossa galáxia e a M31 distam cerca de 770 kpc (quiloparsec) uma da outra e que se estão se aproximando com uma velocidade de 50 km/s. Se a velocidade se mantiver constante e as suas trajetórias se interceptarem, então a colisão entre as duas galáxias ocorreria dentro de 9 bilhões de anos. O resultado desta colisão possivelmente será a formação de um sistema binário de galáxia orbitando em torno de um centro de massa comum ou a formação de uma galáxia elíptica gigante.
Portanto, o Grupo Local desempenha um papel importante na nossa compreensão da maneira de como o Universo se organiza.
Fonte: Cosmo Novas