Imagens recentemente divulgadas mostram a incrível proximidade com que a nave Cassini da NASA, agora na sua fase de "pastoreio dos anéis", está observando os deslumbrantes anéis gelados de Saturno.
© Cassini (anel A de Saturno)
Esta imagem da Cassini mostra uma onda de densidade no anel A (à esquerda) situada a cerca de 134.500 km de Saturno. As ondas de densidade são acumulações de partículas a certas distâncias do planeta. Esta característica está recheada de perturbações irregulares denominadas "palha". A onda, propriamente dita, é criada pela gravidade das luas Jano e Epimeteu, que partilham a mesma órbita ao redor de Saturno. No outro lado, a cena é dominada por sulcos de uma passagem recente da lua Pan.
As visões são algumas das imagens mais próximas das partes externas dos anéis principais, possibilitando uma oportunidade ansiosamente aguardada de observar aspectos como "palha" e "hélices". Embora a Cassini já tenha visto estas características antes, as órbitas atuais e especiais estão fornecendo oportunidades para as observar em maior detalhe. As novas imagens possuem resolução suficiente para captar detalhes tão pequenos quanto 550 metros, à escala dos maiores edifícios da Terra.
A Cassini está agora na metade da sua penúltima fase da missão, na execução de 20 órbitas que mergulham para além da orla externa do sistema principal de anéis. Estas órbitas rasantes começaram no mês de novembro do ano passado e vão continuar até ao final de abril deste ano, quando a Cassini começar o seu Grande Final. Durante as 22 órbitas finais, a Cassini mergulhará repetidamente através do espaço entre os anéis e Saturno. O primeiro mergulho final está agendado para 26 de abril.
Por agora, a sonda veterana está passando além das fronteiras externas dos anéis a cada semana, reunindo algumas das melhores imagens dos anéis e das luas. A Cassini já enviou as melhores imagens das pequenas luas Dafne e Pandora.
Algumas das estruturas vistas nas imagens recentes da Cassini não foram observáveis com este nível de detalhe desde que a sonda chegou a Saturno em meados de 2004. Neste momento, os detalhes finos das palhas e hélices, provocados por partículas anulares aglomeradas e pequenas luas, respetivamente, nunca tinham sido vistos antes (embora as hélices estivessem presentes em imagens da chegada da Cassini, foram só descobertas numa análise posterior concluída no ano seguinte).
A Cassini aproximou-se um pouco mais dos anéis durante a sua chegada a Saturno, mas a qualidade destas imagens não era tão alta quanto nas imagens novas. Estas observações preciosas apenas olhavam para o lado retroiluminado dos anéis com períodos curtos de exposição para minimizar manchas devido ao rápido movimento da Cassini enquanto saltava sobre o plano dos anéis. Isto resultou em imagens cientificamente deslumbrantes, mas um pouco escuras e com ruído.
Em contraste, as ampliações que a Cassini começou a captar nas suas órbitas de pastoreio são obtidas tanto nos lados iluminados como retroiluminados dos anéis.
Depois de quase 13 anos estudando os anéis de Saturno, a equipe da Cassini tem uma compreensão mais profunda e rica do que vislumbram, mas ainda antecipam novas surpresas.
"Estas passagens íntimas representam a abertura de uma janela inteiramente nova nos anéis de Saturno e, ao longo dos próximos meses, esperamos dados ainda mais empolgantes à medida que treinamos as nossas câmaras em outras partes dos anéis mais próximas do planeta," comenta Matthew Tiscareno, cientista da Cassini que estuda os anéis de Saturno no Instituto SETI, em Mountain View, Califórnia.
Lançada em 1997, a Cassini tem vindo a visitar o sistema saturniano desde que aí chegou em 2004 para um estudo do planeta, dos anéis, das luas e da sua vasta magnetosfera. A Cassini fez inúmeras descobertas dramáticas, incluindo um oceano global com indicações de atividade hidrotermal no interior da lua Encélado e mares de metano líquido na lua Titã.
Fonte: Jet Propulsion Laboratory
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