sábado, 29 de fevereiro de 2020

Planeta com ano de 18 horas à beira da destruição

Astrônomos da Universidade de Warwick observaram um exoplaneta orbitando uma estrela em pouco mais de 18 horas, o período orbital mais curto já observado para um planeta do seu tipo.


© U.Warwick/Mark Garlick (ilustração de um Júpiter quente em órbita de estrela)

Isto significa que a duração do ano para este Júpiter quente - um gigante gasoso semelhante em tamanho e composição com Júpiter, no nosso próprio Sistema Solar - é inferior a um dia terrestre.

Os cientistas pensam que a descoberta pode ajudar a descobrir se os planetas deste gênero estão, ou não, numa espiral destrutiva em direção aos seus sóis.

O planeta NGTS-10b foi descoberto a cerca de 1.000 anos-luz de distância da Terra, como parte do NGTS (Next-Generation Transit Survey), um levantamento exoplanetário sediado no Chile que visa descobrir planetas do tamanho de Netuno usando o método de trânsito. Isto envolve a observação de estrelas em busca de uma queda no brilho, indicativa da passagem de um planeta à sua frente.

A qualquer momento o levantamento observa 100 graus quadrados do céu, que inclui cerca de 100.000 estrelas. Destas estrelas, a NGTS-10 chamou a atenção dos astrônomos devido aos mergulhos muito frequentes no brilho estelar provocados pela rápida órbita do planeta.

Embora, em teoria, os Júpiteres quentes com períodos orbitais curtos (menos de 24 horas) sejam os mais fáceis de detectar devido ao seu grande tamanho e trânsitos frequentes, provaram ser extremamente raros. Das centenas de Júpiteres quentes atualmente conhecidos, apenas sete têm um período orbital inferior a um dia.

O NGTS-10b orbita tão depressa porque está muito próximo de sua estrela, a apenas o dobro do diâmetro da estrela que, no contexto do nosso Sistema Solar, a posicionaria 27 vezes mais perto do que Mercúrio está do nosso próprio Sol. Os cientistas notaram que está perigosamente perto do ponto em que as forças de maré da estrela acabariam por destruir o planeta.

É provável que o planeta sofra bloqueio de maré, de modo que um lado está constantemente virado para a estrela e constantemente quente, estima-se que a temperatura média seja superior a 1.000º C. A estrela tem aproximadamente 70% do raio do Sol e é 1.000º C mais fria que o Sol, com cerca de 4.000º C. O exoplaneta NGTS-10b também é um excelente candidato para caracterização atmosférica com o telescópio espacial James Webb.

Usando fotometria de trânsito, os cientistas sabem que o planeta é 20% maior do que o nosso Júpiter e tem pouco mais de duas vezes a sua massa, de acordo com medições da velocidade radial, capturadas num ponto conveniente do seu ciclo de vida para ajudar a responder perguntas sobre a evolução deste tipo de planetas.

Os planetas massivos geralmente formam-se muito longe da estrela e depois migram por meio de interações com o disco enquanto o planeta ainda está se formando, ou por meio de interações com planetas adicionais muito mais tarde na sua vida.

Conjectura-se que estes planetas de período extremamente curto migram dos confins dos seus sistemas solares e acabam sendo consumidos ou perturbados pela estrela.

Nos próximos dez anos, pode ser possível ver este planeta a espiralar. Vamos poder usar o NGTS para o monitorizar ao longo de uma década. Se o período orbital do exoplaneta começar a diminuir e a espiralar, isso indicará sobre a estrutura do planeta que ainda não é conhecida.

Um artigo científico foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: University of Warwick

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