segunda-feira, 20 de abril de 2020

Gemini detecta o vento mais energético de um quasar distante

Pesquisadores que usam o telescópio Gemini Norte em Maunakea, Havaí, detectaram o vento mais energético de qualquer quasar já medido.


© Gemini Observatory (ilustração de um quasar)

Este fluxo transporta energia suficiente para impactar dramaticamente a formação estelar numa galáxia inteira. A tempestade extragalática permaneceu escondida, mas à vista de todos, durante 15 anos, antes de ser revelada por modelos computacionais inovadores e novos dados do Observatório Gemini.

Este poderoso fluxo está se movendo para a sua galáxia hospedeira a quase 13% da velocidade da luz e origina de um quasar conhecido como SDSS J135246.37+423923.5, que fica a aproximadamente 10 bilhões de anos-luz da Terra.

"Embora ventos de alta velocidade já tenham sido observados anteriormente em quasares, estes carregavam apenas uma quantidade relativamente pequena de massa," explica Sarah Gallagher, astrônoma da Universidade Western (Canadá) que liderou as observações com o Gemini. "O fluxo deste quasar, em comparação, varre uma quantidade enorme de massa a velocidades incríveis. Este vento é muito poderoso e não sabemos como é que o quasar pode lançar algo tão substancial."

Além de medir o fluxo de SDSS J135246.37+423923.5, a equipe também foi capaz de inferir a massa do buraco negro supermassivo que alimenta o quasar. Este objeto monstruoso é 8,6 bilhões de vezes mais massivo que o Sol, cerca de 2.000 vezes a massa do buraco negro no centro da nossa Via Láctea e 50% mais massivo do que o famoso buraco negro da galáxia M87.

O quasar aqui estudado detém agora o recorde de vento mais energético medido até agora, com um vento mais energético do que aqueles relatados recentemente em um outro estudo de 13 quasares.

Os quasares, também conhecidos como objetos quasi-estelares, são um tipo de objeto astrofísico extraordinariamente luminoso que reside nos centros de galáxias massivas. Consistindo de um buraco negro supermassivo rodeado por um disco brilhante de gás, os quasares podem ofuscar todas as estrelas da sua galáxia hospedeira e podem impulsionar ventos poderosos o suficiente para influenciar galáxias inteiras.

O fluxo é tão espesso que é difícil detectar a assinatura do próprio quasar em comprimentos de onda visíveis. Apesar da obstrução, a equipe conseguiu ter uma visão clara do quasar usando o instrumento GNIRS (Gemini Near-Infrared Spectrograph) acoplado ao Gemini Norte para observar em comprimentos de onda infravermelhos. Usando uma combinação de espetros de alta qualidade do Gemini e uma abordagem pioneira de modelagem por computador, os astrônomos descobriram a natureza do fluxo do objeto, que provou ser notavelmente mais energético do que qualquer outro fluxo de quasar medido anteriormente.

A descoberta da equipe levanta questões importantes e também sugere que poderão ser descobertos mais destes quasares.

Este resultado foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

Fonte: Gemini Observatory

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