Desde que os astrônomos confirmaram a presença de exoplanetas que a humanidade se pergunta quantos podem abrigar vida.
Agora, estamos um pouco mais perto de encontrar a resposta. De acordo com uma nova pesquisa usando dados da missão Kepler da NASA, cerca de metade das estrelas semelhantes em temperatura com o nosso Sol podem ter um planeta rochoso capaz de suportar água líquida à sua superfície.
A nossa Galáxia possui cerca de 300 milhões destes mundos potencialmente habitáveis. Alguns destes exoplanetas podem até ser nossos vizinhos interestelares, com quatro potencialmente a 30 anos-luz do nosso Sol e o mais próximo provavelmente a cerca de 20 anos-luz.
Esta pesquisa ajuda-nos a entender o potencial destes planetas em ter os elementos para sustentar a vida. Esta é uma parte essencial da astrobiologia, o estudo das origens e do futuro da vida no nosso Universo.
A NASA reformou o telescópio espacial em 2018, depois de ter ficado sem combustível. Nove anos de observações do telescópio revelaram que existem bilhões de planetas na nossa Galáxia, ou seja, mais planetas do que estrelas.
Embora este resultado esteja longe de ser definitivo, e a água à superfície de um planeta seja apenas um dos muitos fatores que sustentam a vida, é extremamente importante calcular que estes mundos são tão comuns com tanta confiança e precisão.
Para fins de cálculo desta taxa de ocorrência, a equipe analisou exoplanetas com raios entre 0,5 e 1,5 vezes o da Terra, focando-se em planetas que são provavelmente rochosos. Também inspecionaram estrelas semelhantes ao nosso Sol em idade e temperatura, com uma diferença (mais quentes ou mais frias) de 800º C.
Trata-se de uma ampla gama de estrelas diferentes, cada uma com as suas próprias propriedades particulares, influenciando se os planetas rochosos em órbita são capazes de suportar água líquida. Estas complexidades são, em parte, o motivo pelo qual é tão difícil calcular quantos planetas potencialmente habitáveis existem, especialmente quando até os nossos telescópios mais poderosos mal conseguem detectar estes planetas pequenos.
Esta nova descoberta é um passo significativo em direção à missão original do Kepler de entender quantos mundos potencialmente habitáveis existem na nossa Galáxia. Estimativas anteriores da frequência, também conhecida como taxa de ocorrência, de tais planetas ignoravam a relação entre a temperatura das estrelas e os tipos de luz emitidos pela estrela e absorvidos pelo planeta.
A nova análise é responsável por estas relações e fornece uma compreensão mais completa de se um determinado planeta pode ser capaz ou não de suportar água líquida. Esta abordagem é possível combinando o conjunto final de dados do Kepler de sinais planetários com dados sobre a produção energética de cada estrela recolhidos pela missão Gaia da ESA.
O Gaia forneceu informações sobre a quantidade de energia que cai num planeta da estrela com base no fluxo estelar, ou a quantidade total de energia que é emitida numa determinada área durante um determinado espaço de tempo.
Embora o efeito exato ainda esteja a ser investigado, a atmosfera de um planeta também entra no cálculo da quantidade de luz necessária para permitir água líquida à superfície. Usando uma estimativa conservadora do efeito da atmosfera, estima-se uma taxa de ocorrência de aproximadamente 50%, ou seja, cerca de metade das estrelas semelhantes ao Sol têm planetas rochosos capazes abrigar água líquida à superfície. Uma definição alternativa otimista da zona habitável estima cerca de 75%.
Este resultado baseia-se num longo legado de trabalho de análise dos dados do Kepler para obter uma taxa de ocorrência e prepara o terreno para futuras observações de exoplanetas informadas por quão comuns esperamos que estes mundos rochosos e potencialmente habitáveis sejam. As pesquisas futuras vão continuar refinando esta percentagem, informando a probabilidade de encontrar estes tipos de planetas e alimentando os planetas para os próximos estágios de exploração exoplanetária.
Depois de revelar mais de 2.800 exoplanetas confirmados, os dados recolhidos pelo telescópio espacial Kepler continuam produzindo novas descobertas essenciais sobre o nosso lugar no Universo. Embora o campo de visão do Kepler cobrisse apenas 0,25% do céu, a área coberta por uma mão à distância do braço esticado, os seus dados permitiram que os cientistas extrapolassem o que os dados da missão significam para o resto da Galáxia. Este trabalho continua com o TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), o atual telescópio de caça exoplanetária da NASA.
O estudo será publicado no periódico The Astronomical Journal.
Fonte: SETI Institute
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