Uma curiosa estrela amarela pré-supernova fez com que os astrofísicos reavaliassem o que é possível durante a morte das estrelas mais massivas do nosso Universo.
© Kavli IPMU/Aya Tsuboi (estrela supergigante amarela e estrela azul)
No final das suas vidas, estrelas frias e amarelas são tipicamente envoltas em hidrogênio, que esconde o interior azul e quente da estrela. Mas esta estrela amarela, localizada a 35 milhões de anos-luz da Terra no aglomerado de galáxias de Virgem, misteriosamente não tinha esta camada crucial de hidrogênio no momento da explosão.
Se uma estrela explodir sem hidrogênio, ela deve ser extremamente azul e muito quente. É quase impossível para uma estrela ser tão fria sem ter hidrogênio na sua camada externa.
Os astrônomos examinaram cada modelo estelar que pudesse explicar uma estrela como esta, e cada modelo requer que a estrela tivesse hidrogênio, sendo que através de sua supernova, nota-se que não tinha.
Depois do levantamento YSE (Young Supernova Experiment) ter detectado a supernova 2019yvr na galáxia espiral relativamente próxima NGC 4666, a equipe usou imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble, que felizmente já tinha observado esta secção do céu dois anos e meio antes da estrela explodir.
O que as estrelas massivas fazem antes de explodirem é um grande mistério não resolvido. É raro ver este tipo de estrela logo antes de explodir como supernova. As imagens do Hubble mostram a fonte da supernova, uma estrela massiva fotografada apenas alguns anos antes da explosão. Vários meses depois da explosão, no entanto, foi descoberto que o material ejetado na explosão final da estrela parecia colidir com uma grande massa de hidrogênio. Isto levou a equipe a levantar a hipótese de que a estrela progenitora poderia ter expelido o hidrogênio alguns anos antes da sua morte.
Os astrônomos suspeitam que as estrelas sofrem erupções violentas nos anos que antecedem a supernova. A descoberta desta estrela fornece algumas das evidências mais diretas já encontradas de que as estrelas passam por erupções catastróficas, que as fazem perder massa antes de uma explosão. Se a estrela sofria estas erupções, então provavelmente expulsou o seu hidrogênio várias décadas antes de explodir.
No novo estudo, também foi apresentada outra possibilidade: uma estrela companheira menos massiva pode ter removido o hidrogênio da estrela progenitora da supernova. No entanto, a equipe não será capaz de procurar a estrela companheira até que o brilho da supernova diminua, o que pode levar até uma década.
Ao contrário do seu comportamento normal logo após a explosão, a interação do hidrogênio revelou que é uma espécie de supernova excêntrica. Mas é excepcional que os astrônomos tenham conseguido encontrar a sua estrela progenitora nos dados do telescópio espacial Hubble. Daqui a quatro ou cinco anos, será possível compreender mais sobre o que aconteceu.
O novo estudo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Royal Astronomical Society
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