segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Intrusa estelar perturba disco protoplanetário

Cientistas usaram o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e o VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) para fazer uma rara detecção de um provável evento de invasão estelar no sistema Z Canis Majoris (Z CMa).

© ALMA/VLA/Subaru (sistema Z Canis Majoris)

Uma intrusa, não ligada ao sistema, passou muito perto e interagiu com o ambiente que rodeia a protoestrela binária, provocando a formação de correntes caóticas e esticadas de poeira e gás no disco ao redor. 

Embora tais eventos rasantes já tenham sido anteriormente testemunhados com alguma regularidade nas simulações computorizadas de formação estelar, poucas observações diretas e convincentes foram alguma vez feitas e, até agora, os eventos tinham permanecido em grande parte teóricos.

Perturbações como os de Z CMa não são tipicamente provocados por intrusas, mas sim por estrelas-irmãs que crescem juntas no espaço. Na maioria das vezes, as estrelas formam-se isoladamente. As gêmeas, ou até trigêmeas ou quadrigêmeas, nascidas juntas podem ser atraídas gravitacionalmente e, como resultado, aproximarem-se umas das outras. Durante estes momentos, algum material nos discos protoplanetários das estrelas pode ser removido para formar extensas correntes de gás que fornecem pistas aos astrônomos sobre a história de encontros estelares passados.

No caso de Z CMa, foi a morfologia, ou estrutura, destas correntes que ajudou os cientistas a identificar e a localizar a intrusa estelar. Quando um encontro estelar ocorre, provoca alterações na morfologia do disco, gerando espirais, deformações, sombras, etc. 

Os eventos de passagem rasante podem perturbar dramaticamente os discos circunstelares em torno das estrelas intervenientes, como vistos na produção de longas correntes em torno de Z CMa. Estas intrusas perturbadoras não só propiciam fluxos gasosos, como também podem ter impacto na história térmica das estrelas hospedeiras envolvidas. Isto pode levar a eventos violentos como surtos de acreção, e também impactar o desenvolvimento do sistema estelar global.

O estudo da evolução e crescimento de jovens sistemas estelares por toda a Galáxia ajuda os cientistas a compreender melhor a origem do nosso próprio Sistema Solar. Neste momento, o VLA e o ALMA forneceu as primeiras evidências para resolver este mistério, e as próximas gerações destas tecnologias vão abrir janelas para o Universo.

Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: National Radio Astronomy Observatory

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