terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A lareira de Órion

A imagem recém-processada da Nebulosa da Chama (NGC 2024), onde podemos ver também nebulosas menores, tais como a Nebulosa da Cabeça de Cavalo (Barnard 33), é baseada em observações conduzidas pelo ex-astrônomo do ESO Thomas Stanke e sua equipe há alguns anos.

© ESO/APEX/VISTA (Nebulosa da Chama)

Entusiasmados em experimentar o, então recém instalado, instrumento SuperCam no APEX (Atacama Pathfinder Experiment), os pesquisadores apontaram o telescópio na direção da constelação de Órion.

Uma das regiões mais famosas do céu, Órion é o lar das nuvens moleculares gigantes mais próximas do Sol, ou seja, vastos objetos cósmicos compostos essencialmente por hidrogênio, onde se formam novas estrelas e planetas. Estas nuvens estão localizadas entre 1.300 e 1.600 anos-luz de distância e apresentam o berçário estelar mais ativo na vizinhança do Sistema Solar, além da Nebulosa da Chama que vemos na imagem. Esta nebulosa de “emissão” abriga um aglomerado de estrelas jovens em seu centro que emite radiação de alta energia, fazendo brilhar os gases circundantes. 

Além da Nebulosa da Chama e seus arredores, os astrônomos puderam admirar uma grande variedade de outros objetos espetaculares. Alguns exemplos incluem: as nebulosas de reflexão Messier 87 e NGC 2071, nuvens de gás e poeira interestelar que refletem a radiação emitida por estrelas próximas. A equipe até descobriu uma nova nebulosa, um pequeno objeto, notável em sua aparência quase perfeitamente circular, que eles chamaram de Nebulosa da Vaca. 

As observações foram conduzidas captando ondas de rádio emitidas pelo monóxido de carbono, CO, nas nuvens de Órion. Usar essa molécula para investigar grandes áreas do céu é o objetivo principal do SuperCam, já que este instrumento permite aos astrônomos mapear enormes nuvens de gás onde se formam novas estrelas. Ao contrário do que o “fogo” desta imagem possa sugerir, estas nuvens são, na realidade, frias, com temperaturas típicas de apenas alguns graus acima do zero absoluto. 

Dados os muitos segredos que ela pode contar, esta região do céu foi varrida muitas vezes no passado em diferentes comprimentos de onda, cada faixa de comprimento de onda revelando características diferentes e únicas das nuvens moleculares de Órion. Como exemplo temos as observações infravermelhas feitas pelo VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy) do ESO no Observatório do Paranal no Chile, que compõem o fundo calmo desta imagem da Nebulosa da Chama e seus arredores. Ao contrário da radiação visível, as ondas infravermelhas passam através das nuvens espessas de poeira interestelar, permitindo aos astrônomos descobrir estrelas e outros objetos que, de outro modo, permaneceriam escondidos.

As observações foram apresentadas num artigo aceito para publicação na revista Astronomy & Astrophysics

Fonte: ESO

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