Não há muito tempo, vivíamos num Universo com apenas um pequeno número de planetas conhecidos, todos eles em órbita do nosso Sol.
© NASA/JPL-Caltech (variedade de exoplanetas)
Mas uma nova fornada de descobertas assinala um marco científico: foram agora confirmados, no total, mais de 5.000 planetas localizados para lá do nosso Sistema Solar. O odômetro planetário rodou a 21 de março, com o lote mais recente de 65 exoplanetas adicionado ao Arquivo de Exoplanetas da NASA.
O arquivo registra as descobertas de exoplanetas que aparecem em artigos científicos revistos por pares e que foram confirmados utilizando múltiplos métodos de detecção ou por técnicas analíticas. Os mais de 5.000 planetas encontrados até agora incluem mundos pequenos e rochosos como a Terra, gigantes de gás muitas vezes maiores que Júpiter e "Júpiteres quentes" em órbitas abrasadoramente íntimas em torno das suas estrelas. Existem "super-Terras", que são mundos rochosos maiores do que o nosso, e "mini-Netunos", versões menores do que Netuno do nosso Sistema Solar.
Acrescente-se à mistura planetas que orbitam duas estrelas ao mesmo tempo e planetas que teimam em orbitar os remanescentes estelares de estrelas moribundas. A Via Láctea contém provavelmente centenas de bilhões de exoplanetas.
A batida constante da descoberta começou em 1992 com estranhos novos mundos em órbita de uma estrela ainda mais estranha. Era um tipo de estrela de nêutrons conhecida como pulsar, um cadáver estelar com rotação rápida que pulsa com rajadas de radiação de milissegundos. A medição de ligeiras alterações no tempo dos pulsos permitiu aos cientistas revelar planetas em órbita em torno do pulsar. A descoberta de apenas três planetas em torno desta estrela giratória abriu essencialmente as comportas.
O TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), lançado em 2018, continua fazendo novas descobertas exoplanetárias. Mas em breve os poderosos telescópios de próxima geração e os seus instrumentos altamente sensíveis, começando pelo recentemente lançado telescópio espacial James Webb, irão captar luz das atmosferas dos exoplanetas, identificando quais os gases presentes para potencialmente identificar sinais indicadores de condições habitáveis.
O telescópio espacial Nancy Grace Roman, cujo lançamento está previsto para 2027, fará novas descobertas de exoplanetas utilizando uma variedade de métodos. A missão ARIEL (Atmospheric Remote-sensing Infrared Exoplanet Large-survey) da ESA, com lançamento previsto para 2029, irá observar as atmosferas de exoplanetas.
A estreita ligação entre a química da vida na Terra e a química encontrada por todo o Universo, bem como a detecção de moléculas orgânicas disseminadas, sugere que a detecção da própria vida é apenas uma questão de tempo.
Este quadro nem sempre pareceu tão promissor. O primeiro planeta detectado em torno de uma estrela parecida com o Sol, em 1995, revelou-se um Júpiter quente: um gigante gasoso com cerca de metade da massa do planeta Júpiter numa órbita extremamente íntima, de quatro dias, em torno da sua estrela.
Alguns exoplanetas foram encontrados utilizando o método de "oscilação": o rastreamento de movimentos ligeiros de uma estrela, provocados pela atração gravitacional de planetas em órbita. Mas mesmo assim, nada parecia ser habitável. A descoberta de mundos pequenos e rochosos como o nosso exigiu o próximo grande salto na tecnologia de caça exoplanetária: o método de "trânsito".
O astrônomo William Borucki, pesquisador principal da missão Kepler, missão lançada em 2009 e está agora aposentada, teve a ideia de fixar detectores de luz extremamente sensíveis a um telescópio, lançando-o depois para o espaço. O telescópio olharia durante anos para um campo com mais de 170.000 estrelas, à procura de pequenas quedas no brilho das estrelas quando um planeta passava em frente, do ponto de vista do Sistema Solar.
Fonte: Jet Propulsion Laboratory
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