Com o auxílio do VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy) do ESO, os astrônomos criaram um vasto atlas infravermelho de cinco maternidades estelares próximas, juntando mais de um milhão de imagens.
© ESO (imagem infravermelha do objeto HH 909 A na constelação do Camaleão)
Estes grandes mosaicos revelam estrelas jovens em formação, envoltas em espessas nuvens de poeira. Graças a estas observações, os astrônomos dispõem agora de uma ferramenta única para decifrar o complexo enigma que é a formação estelar.
Nestas imagens podemos detectar até as fontes de luz mais tênues, tais como estrelas com muito menos massa que o nosso Sol, revelando assim objetos que nunca tinham sido observados anteriormente. Isto permitirá compreender melhor os processos que levam o gás e a poeira a transformarem-se em estrelas.
As estrelas formam-se quando nuvens de gás e poeira colapsam sob a sua própria gravidade, mas o modo como isso acontece não é totalmente compreendido. Quantas estrelas nascem a partir de uma nuvem? Qual a sua massa? Quantas estrelas verão planetas formarem-se em sua órbita?
Para responder a estas questões, os pesquisadores analisaram cinco regiões de formação estelar próximas com o telescópio VISTA montado no Observatório do Parana, no Chile. Utilizando a câmara de infravermelhos VIRCAM do VISTA, a equipe captou a luz proveniente das profundezas das nuvens de poeira. A poeira obscurece estas estrelas jovens, tornando-as virtualmente invisíveis aos nossos olhos. Só nos comprimentos de onda do infravermelho é que conseguimos observar o interior destas nuvens e estudar as estrelas em formação.
O rastreio, denominado VISIONS, observou regiões de formação estelar nas constelações de Órion, Ofiúco, Camaleão, Coroa Austral e Lobo. Estas regiões encontram-se a menos de 1.500 anos-luz de distância da Terra e cobrem uma enorme área no céu.
O diâmetro do campo de visão do VIRCAM é tão grande como o de três luas cheias, o que o torna único para mapear estas regiões tão vastas. A equipa obteve mais de um milhão de imagens durante um período de cinco anos. As imagens individuais foram usadas para construir os grandes mosaicos que revelam vastas paisagens cósmicas. Estes panoramas pormenorizados apresentam manchas escuras de poeira, nuvens brilhantes, estrelas recém nascidas e as distantes estrelas de fundo da Via Láctea. Uma vez que as mesmas áreas foram observadas repetidamente, os dados do VISIONS permitirão igualmente aos astrônomos estudar o modo como as estrelas jovens se movem.
Esta não é uma tarefa fácil, uma vez que o deslocamento aparente destas estrelas observado a partir da Terra é tão pequeno como a espessura de um cabelo humano visto a 10 quilômetros de distância. Estas medições dos movimentos estelares complementam as medições obtidas pela missão Gaia da ESA (Agência Espacial Europeia) nos comprimentos de onda do visível, onde as estrelas jovens se encontram escondidas por espessos véus de poeira.
Adicionalmente, o VISIONS estabelecerá as bases para futuras observações com outros telescópios, tais como o Extremely Large Telescope (ELT) do ESO, atualmente em construção no Chile e que deverá começar a funcionar no final desta década. O ELT permitirá que observamos mais de perto regiões específicas com um detalhe sem precedentes, fornecendo-nos uma visão nunca antes vista das estrelas individuais que estão atualmente se formando nessas regiões.
Este trabalho foi descrito num artigo científico intitulado “VISIONS: The VISTA Star Formation Atlas”, publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.
Fonte: ESO
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