O buraco negro supermassivo Sagitário A* no centro da Via Láctea, é muito menos luminoso do que outros buracos negros nos centros de galáxias que podemos observar, o que significa que o buraco negro central da nossa Galáxia não tem devorado ativamente o material à sua volta.
© IXPE / Chandra (raios X da área ao redor de Sagitário A*)
O painel inferior combina dados do IXPE, em laranja, com dados do Chandra, em azul. O painel superior mostra um campo de visão muito mais alargado do centro da Via Láctea. As finas linhas brancas sobrepostas no painel superior enquadram a área realçada e indicam que a perspectiva no painel inferior foi rodada cerca de 45 graus para a direita.
Novas evidências do telescópio IXPE (Imaging X-ray Polarimetry Explorer) da NASA sugerem que o velho gigante adormecido acordou recentemente, há cerca de 200 anos, para absorver gás e outros detritos cósmicos ao seu alcance.
Sagitário A* fica a mais de 25.000 anos-luz da Terra, o buraco negro supermassivo mais próximo, com uma massa estimada em milhões de vezes a do nosso Sol. Ele situa-se na direção da constelação de Sagitário, no coração da Via Láctea.
Os cientistas recorreram ao IXPE para um olhar mais atento quando estudos anteriores de raios X detectaram emissões de raios X relativamente recentes provenientes de nuvens gigantes de gás na sua vizinhança. Dado que a maioria das nuvens cósmicas, chamadas "nuvens moleculares", são frias e escuras, as assinaturas de raios X destas nuvens deveriam ter sido tênues. Em vez disso, brilharam intensamente.
Um dos cenários para explicar porque é que estas nuvens moleculares gigantes estão brilhando é que estão ecoando um flash de luz de raios X que já passou há muito tempo, indicando que o nosso buraco negro supermassivo não estava assim tão quiescente há alguns séculos atrás.
O IXPE, que mede a polarização dos raios X, ou a direção e intensidade médias do campo elétrico das ondas de luz, foi apontado para estas nuvens moleculares durante dois períodos de estudo, em fevereiro e março de 2022. Quando os astrônomos combinaram os dados resultantes com imagens do observatório de raios X Chandra da NASA e os compararam com observações de arquivo da missão XMM-Newton da ESA, puderam isolar o sinal de raios X refletido e descobrir o seu ponto de origem.
O ângulo de polarização atua como uma bússola, apontando-nos para a misteriosa fonte de iluminação há muito desaparecida. E o que se encontra nessa direção? Nada mais nada menos do que Sgr A*. Analisando os dados, a equipe descobriu que os raios X das nuvens moleculares gigantes eram luz refletida de uma erupção intensa e de curta duração produzida por ou perto de Sgr A*, possivelmente causada pelo buraco negro que consumiu abruptamente material próximo. Os dados também ajudaram os pesquisadores a estimar a luminosidade e a duração do surto original, sugerindo que o evento ocorreu aproximadamente no início do século XIX.
O próximo objetivo da equipe é repetir a observação e reduzir as incertezas da medição. Os dados de acompanhamento poderão melhorar as estimativas de quando a erupção ocorreu e qual a sua intensidade no pico, e ajudarão a determinar a distribuição tridimensional das nuvens moleculares gigantes que rodeiam o buraco negro quiescente. Estes estudos ajudam a compreender melhor os processos físicos necessários para despertar Sgr A* novamente, mesmo que apenas temporariamente, do seu sono inquieto. Sabemos que as mudanças podem ocorrer, nas galáxias ativas e nos buracos negros supermassivos, ao longo de uma escala humana de tempo.
Um artigo foi publicado na revista Nature.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics
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