A inclinação extrema da rotação de Urano sempre foi um mistério. Quase perpendicular ao plano orbital, o eixo de rotação do gigante gelado é uma relíquia do passado violento do Sistema Solar.
© O. Keck (inclinação do planeta Urano em infravermelho)
Desde cedo, os astrônomos sugeriram que esta característica singular teria sido produto do impacto de um corpo com pelo menos a massa da Terra. No entanto, esta teoria tem um problema. Tal catástrofe deveria ter deixado as órbitas das luas uranianas nas suas inclinações originais, e não, tal como observamos hoje, em órbitas regulares no plano equatorial do planeta.
Um novo trabalho divulgado no European Planetary Science Congress parece trazer uma nova solução para este antigo problema. Através de simulações, uma equipe de cientistas liderada por Alessandro Morbidelli (Observatoire de la Cote d’Azur) testou vários cenários de impacto que pudessem reproduzir a atual inclinação do sistema uraniano. Descobriram que se o Urano tivesse sido atingindo quando ainda se encontrava rodeado por um disco protoplanetário (um disco de material donde posteriormente iria emergir o séquito de pequenas luas), então todo o sistema se reorganizaria na nova inclinação.
O novo modelo seria um sucesso, se a simulação não gerasse um outro resultado intrigante. Depois da violenta colisão, muitas das luas de Urano passavam a exibir órbitas retrógradas, ou seja, no sentido contrário ao que se observa hoje. Para ultrapassar este impasse, Morbidelli e colegas reviram os seus parâmetros, e para sua surpresa, descobriram que duas ou mais colisões menores diminuíam significativamente a probabilidade da ocorrência de órbitas retrógradas nas luas de Urano.
Estes novos resultados prometem abalar alguns dos principais aspectos da atual teoria da formação dos planetas. Segundo Morbidelli, “a teoria da formação dos planetas atualmente aceita assume que Netuno, Urano e os núcleos de Júpiter e Saturno foram formados pela acreção de apenas pequenos objetos do disco protoplanetário. Nenhum deveria ter sofrido qualquer colisão gigante. O fato de Urano ter sido atingido pelo menos duas vezes sugere que os grandes impactos foram fenômenos vulgares na formação dos planetas gigantes, consequentemente a teoria vigente tem que ser revista.”
Fonte: Europlanet e astroPT
O novo modelo seria um sucesso, se a simulação não gerasse um outro resultado intrigante. Depois da violenta colisão, muitas das luas de Urano passavam a exibir órbitas retrógradas, ou seja, no sentido contrário ao que se observa hoje. Para ultrapassar este impasse, Morbidelli e colegas reviram os seus parâmetros, e para sua surpresa, descobriram que duas ou mais colisões menores diminuíam significativamente a probabilidade da ocorrência de órbitas retrógradas nas luas de Urano.
Estes novos resultados prometem abalar alguns dos principais aspectos da atual teoria da formação dos planetas. Segundo Morbidelli, “a teoria da formação dos planetas atualmente aceita assume que Netuno, Urano e os núcleos de Júpiter e Saturno foram formados pela acreção de apenas pequenos objetos do disco protoplanetário. Nenhum deveria ter sofrido qualquer colisão gigante. O fato de Urano ter sido atingido pelo menos duas vezes sugere que os grandes impactos foram fenômenos vulgares na formação dos planetas gigantes, consequentemente a teoria vigente tem que ser revista.”
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