sábado, 5 de setembro de 2015

A galáxia de Barnard

A minúscula mas robusta galáxia de Barnard, também conhecida como NGC 6822, é uma vizinha galáctica da Via Láctea.

galáxia de Barnard

© ESO (galáxia de Barnard)

Esta galáxia possui regiões de intensa formação estelar e nebulosas fora do comum, tais como a bolha que se vê claramente na parte superior esquerda desta imagem extraordinária. Os astrônomos classificam a NGC 6822 como uma galáxia anã irregular devido à sua forma indefinida e ao seu pequeno tamanho, em termos galácticos. As formas estranhas destas galáxias ajudam os pesquisadores a compreender como é que as galáxias interagem, se desenvolvem, e ocasionalmente se “canibalizam” mutuamente, deixando para trás restos brilhantes transbordando de estrelas.

A galáxia de Barnard brilha sob um mar de estrelas de campo próximas, na direção da constelação de Sagitário. A relativamente pouca distância, cerca de 1,6 milhões de anos-luz, a galáxia de Barnard é um membro do Grupo Local, o arquipélago de galáxias do qual faz parte a Via Láctea. O nome da NGC 6822 vem do seu descobridor, o astrônomo americano Edward Emerson Barnard, que foi o primeiro a conseguir observar esta ilha cósmica, de difícil observação no visível, com um telescópio refrator de 125 milímetros em 1884.

Esta imagem foi obtida com a câmara Wide Field Imager (WFI), montada no telescópio de 2,2 metros MPG/ESO no Observatório do ESO, La Silla, situado no norte do Chile. Apesar da galáxia de Barnard não possuir os majestosos braços espirais e o bojo central brilhante que adornam as suas vizinhas galácticas gigantes, Andrômeda e as galáxias do Triângulo, esta galáxia anã apresenta esplendor estelar e fogos de artifício. As nebulosas avermelhadas visíveis na imagem revelam regiões de formação estelar ativas, onde estrelas jovens e quentes aquecem nuvens de gás, que se encontram nas proximidades. Uma nebulosa em forma de bolha pode ser vista na parte superior esquerda da imagem. No centro desta nebulosa, um conjunto de estrelas muito quentes e de grande massa libertam jatos de matéria que colidem com o material do meio interestelar circundante, dando origem a uma estrutura brilhante observada por nós como um anel. Outros jatos de matéria quente similares lançados por estrelas quentes e turbulentas aparecem um pouco por toda a galáxia de Barnard.

Com apenas cerca de um décimo do tamanho da Via Láctea, a galáxia de Barnard enquadra-se perfeitamente na sua classificação de anã. No total, contém cerca de 10 milhões de estrelas, um número que fica muito aquém dos 400 bilhões estimados para a Via Láctea. No Grupo Local, tal como em qualquer outro lado do Universo, as galáxias anãs encontram-se claramente em maior número do que as suas primas maiores e de formas mais definidas.

As galáxias anãs irregulares, como a galáxia de Barnard, devem as suas formas arredondadas indefinidas aos encontros próximos com outras galáxias. No Universo as galáxias encontram-se em movimento e frequentemente passam muito próximo umas das outras ou até mesmo passam através umas das outras. A densidade de estrelas nas galáxias é muito baixa, o que quer dizer que poucas estrelas colidem fisicamente durante estas passagens cósmicas. No entanto, a atração fatal da gravidade pode modificar dramaticamente as formas das galáxias em passagem ou em colisão. Grandes quantidades de estrelas são puxadas ou empurradas para fora das suas casas galácticas, acabando por formar galáxias anãs de formas irregulares como é o caso da NGC 6822.

Fonte: ESO

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