Astrônomos utilizaram o instrumento MUSE (Multi Unit Spectroscopic Explorer), montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO no Observatório do Paranal, para obterem a oportunidade única de testarem o seu conhecimento relativo a aglomerados de galáxias massivos, fazendo a primeira previsão de um evento observacional do Universo distante antes deste se ter realmente tornado visível.
© STScI (as aparições da supernova Refsdal)
Imagens do aglomerado de galáxias MACS J1149+2223, obtidas pelo telescópio espacial Hubble da NASA/ESA em novembro de 2014, revelaram uma estrela distante explodindo, caracterizando uma supernova, mas de um modo completamente diferente de qualquer outra observada anteriormente. Com o nome informal de Refsdal, em referência ao astrônomo norueguês Sjur Refsdal, que foi pioneiro no estudo de lentes gravitacionais. A Refsdal trata-se da primeira supernova que se observou em quatro imagens separadas criadas através do processo conhecido por lente gravitacional, formando assim uma Cruz de Einstein quase perfeita em torno de uma das galáxias do aglomerado.
O efeito de lente gravitacional é uma consequência da teoria da relatividade geral de Albert Einstein. O artigo científico que define as equações que mudaram de forma fundamental o nosso conhecimento relativo à gravidade, foi publicado em 25 de novembro de 1915, ou seja, há exatamente um século.
Foram feitas observações cruciais das distâncias exatas às galáxias na região do MACS J1149+2233 com o MUSE em janeiro de 2015. Estas observações permitiram a obtenção de modelos da distribuição de matéria no interior do enorme aglomerado de galáxias com mais precisão do que a alguma vez conseguida até agora. Este resultado levou a várias previsões de quando e onde é que outra imagem da supernova distante voltará a aparecer, uma repetição instantânea na maior tela que podemos imaginar.
Uma vez que a radiação que forma as múltiplas imagens da supernova toma caminhos de tamanho diferente para chegar à Terra, estas imagens aparecerão em diferentes momentos e em diferentes posições no céu.
Usando todos os dados disponíveis do MUSE e combinando-os com as observações do Hubble, uma equipe de astr\õnomos liderada por Claudio Grillo (Dark Cosmology Centre no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca) previu que uma repetição deste fenômeno terá o seu máximo de brilho entre março e junho de 2016, com uma possível primeira detecção antes do final de 2015. Está previsto não só quando e onde é que se espera que a supernova se torne outra vez visível, mas também, e de forma aproximada, quão brilhante é que será.
O Hubble está agora observando periodicamente o aglomerado na expectativa de ver este evento único, pondo assim à prova de forma derradeira os modelos dos astrônomos.
Estas observações realçam a função fundamental que o MUSE e o VLT desempenham na exploração do Universo distante, assim como a sinergia que existe entre o Hubble e os observatórios existentes no solo.
Fonte: ESO
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