Esta nova imagem do telescópio espacial Hubble revela o coração de um dos remanescentes de supernovas mais visualmente atraente, a Nebulosa do Caranguejo. No centro desta nebulosa, uma estrela falecida dá vida ao gás que a rodeia.
© Hubble/J. Hester/M. Weisskopf (núcleo da Nebulosa do Caranguejo)
A Nebulosa do Caranguejo, que fica a 6.500 anos-luz de distância na constelação de Touro, é o resultado de uma supernova, ou seja, uma explosão colossal que foi o ato final de uma estrela massiva. Durante esta explosão maior parte do material que formava a estrela foi lançada no espaço a enormes velocidades, formando uma nuvem de gás em expansão conhecida como um remanescente de supernova.
Esta visão extraordinária da nebulosa é uma que nunca foi vista antes. Ao contrário de muitas imagens populares deste objeto conhecido, que destacam os filamentos espetaculares nas regiões exteriores, esta imagem mostra apenas a parte interior da nebulosa e combina três imagens de alta resolução obtidas em torno de dez anos de diferença.
No centro da Nebulosa do Caranguejo encontra-se o que resta do núcleo mais íntimo da estrela original, agora um objeto estranho e exótico conhecido como estrela de nêutrons. Feito inteiramente de partículas subatômicas chamadas nêutrons, uma estrela de nêutrons tem aproximadamente a mesma massa que o Sol, mas comprimida em uma esfera apenas algumas dezenas de quilômetros de diâmetro. Uma estrela de nêutrons típica gira incrivelmente rápida a cerca de 30 vezes por segundo.
A região em torno de uma estrela de nêutrons é uma vitrine para processos físicos extremos. O movimento rápido do material mais próximo à estrela é revelado pelo arco-íris sutil de cores nesta imagem, o efeito arco-íris é devido ao movimento de material ao longo do tempo entre uma imagem e outra.
O telescópio espacial Hubble também capta os detalhes intrincados do gás ionizado, mostrado em vermelho nesta imagem, que forma uma miscelânea caótica de cavidades e filamentos. Dentro desta concha de gás ionizado um brilho azul fantasmagórico rodeia a estrela de nêutrons. Este brilho é a radiação emitida por elétrons espiralando no poderoso campo magnético em torno da estrela a velocidades próximas à da luz. O intenso campo magnético da estrela está canalizando gás e poeira caindo para os polos da estrela, onde é ejetado com imensas velocidades. Dois jatos simétricos de material são transmitidas a partir dos polos, varrendo para o espaço enquanto a estrela gira. Este efeito é parecido como um feixe de farol, onde os jatos apontam periodicamente em direção à Terra, caracterizando uma fonte pulsante de luz no céu. Assim, esses objetos são conhecidos como pulsares.
A explosão de supernova a partir do qual a Nebulosa do Caranguejo nasceu foi um das primeiras a serem registradas na história humana. A história começou no ano de 1054 dC, quando uma nova estrela se tornou visível no céu noturno. A nova estrela foi o objeto mais brilhante durante à noite, perdendo apenas para a Lua. Na época, os astrônomos chineses e japoneses registraram o evento, e monitorando a nova estrela notou-se que o seu brilho desvaneceu-se gradualmente até que, depois de vários anos, tornou-se invisível a olho nu. Consequentemente, a Nebulosa do Caranguejo é um objeto de valor inestimável para o estudo de restos de supernovas, permitindo aos astrônomos sondar as vidas e mortes de estrelas com mais detalhes.
Fonte: ESA
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