De acordo com a cientista Grace Wolf-Chase, do PSI (Planetary Science Institute), uma descoberta fortuita por cientistas cidadãos forneceu uma nova janela única para os diversos ambientes que produzem estrelas e aglomerados de estrelas, revelando a presença de "berçários estelares" antes de novas estrelas emergirem das suas nuvens natais.
© NASA/JPL-Caltech (bola amarela e bolha)
"As 'bolas amarelas' são características pequenas e compactas que foram identificadas em imagens infravermelhas obtidas pelo telescópio espacial Spitzer durante discussões online do Projeto Via Láctea, uma iniciativa da plataforma cidadã online zooniverse.org, que pediu a cientistas cidadãos para ajudar a identificar características associadas com estrelas jovens e massivas com mais de 10 massas solares," disse Wolf-Chase. "As primeiras investigações sugeriram que as bolas amarelas são produzidas por estrelas jovens à medida que aquecem o gás circundante e a poeira de onde nasceram."
As bolas amarelas descobertas por cientistas cidadãos liberam luz infravermelha num estágio muito inicial no desenvolvimento de aglomerados estelares, quando têm uns "meros" cem mil anos. Este é o ponto em que a sua presença é revelada pela primeira vez, mas permanecem incrustadas nos seus casulos empoeirados natais.
A pesquisa mostra que a formação de aglomerados estelares com essencialmente todas as massas passam por um estágio de bola amarela. Alguns destes aglomerados primordiais formam estrelas massivas com mais de 10 vezes a massa do Sol que vão esculpir os seus ambientes em "bolhas" por meio de fortes ventos estelares e radiação ultravioleta severa, enquanto outras não.
Ao longo de um milhão de anos, as bolhas podem expandir-se para dezenas de anos-luz de diâmetro. Os pesquisadores mostraram que é possível extrair informações sobre as massas e idades dos aglomerados estelares em desenvolvimento apenas através das "cores" infravermelhas das bolas amarelas, sem outras observações extensas como espectroscopia.
Durante a procura por bolhas no Projeto Via Láctea, cientistas cidadãos usaram o fórum de discussão do projeto para assinalar objetos pequenos e redondos que parecem amarelos nas imagens infravermelhas representativas.
"Os cientistas inicialmente pensaram que estas podiam ser versões muito jovens das bolhas e incluímos a identificação de bolas amarelas como o objetivo principal de uma versão do Projeto Via Láctea que foi lançada em 2016," disse Wolf-Chase.
Isto resultou na identificação de 6.176 bolas amarelas em mais de um-terço da Via Láctea. A sua aparência amarela distinta está relacionada com comprimentos de onda que traçam moléculas orgânicas complexas e poeira à medida que são aquecidas por estrelas muito jovens embutidas nas suas nuvens de nascimento.
"O nosso trabalho analisa um subconjunto de 516 bolas amarelas e mostra que apenas cerca de 20% das bolas amarelas vão formar bolhas associadas com estrelas massivas, enquanto aproximadamente 80% destes objetos sinalizam a posição de regiões que formam estrelas menos massivas," salientou Wolf-Chase.
Este trabalho mostra o grande valor da ciência cidadã ao abrir uma nova janela para a nossa compreensão da formação estelar.
Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal.
Fonte: Planetary Science Institute
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