Usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), astrônomos identificaram uma erupção da estrela vizinha mais próxima da Terra, Proxima Centauri, que é 100 vezes mais poderosa do que qualquer outra erupção semelhante vista no Sol.
© NRAO/S. Dagnello (ilustração da violenta erupção estelar de Proxima Centauri)
A erupção, que é a maior já registada da estrela, revelou o funcionamento interno de tais eventos e pode ajudar a moldar a procura por vida localizadas além do Sistema Solar.
As erupções estelares ocorrem quando a liberação de energia magnética em manchas estelares explode num intenso surto de radiação eletromagnética que pode ser observado em todo o espectro eletromagnético, desde o rádio até aos raios gama.
Esta é a primeira vez que uma única erupção estelar, além das que ocorrem no Sol, foi observada com uma cobertura tão completa de comprimentos de onda. O estudo foi precipitado pela descoberta fortuita de uma erupção de Proxima Centauri em dados de arquivo do ALMA de 2018.
"Nunca tínhamos visto uma anã M entrar em erupção em comprimentos de onda milimétricos antes de 2018, de modo que não se sabia se havia emissão correspondente em outros comprimentos de onda," disse Meredith MacGregor, professora assistente do CASA (Center for Astrophysics and Space Astronomy) e do Departamento de Ciências Planetárias e Astrofísicas da Universidade do Colorado, em Boulder, autora principal do estudo.
Para melhor entender as erupções em Proxima Centauri, uma estrela anã vermelha localizada a cerca de quatro anos-luz da Terra, uma equipe de astrônomos observou a estrela durante um total de 40 horas ao longo de vários meses em 2019 usando nove telescópios no solo e no espaço. Em maio de 2019, Proxima Centauri ejetou uma violenta erupção que durou apenas sete segundos, mas gerou um surto tanto no ultravioleta como em comprimentos de onda milimétricos.
A erupção foi caracterizada por um pico forte e impulsivo nunca antes visto nestes comprimentos de onda. O evento foi registado por cinco dos nove telescópios envolvidos no estudo, incluindo o telescópio espacial Hubble no ultravioleta e o ALMA em comprimentos de onda milimétricos.
A estrela passou de normal para 14.000 vezes mais brilhante quando vista em comprimentos de onda ultravioleta ao longo de alguns segundos, sendo que um comportamento semelhante foi observado em comprimentos de onda milimétricos ao mesmo tempo pelo ALMA.
As erupções poderosas do nosso Sol são incomuns, ocorrendo apenas algumas vezes num ciclo solar. Este não é o caso em Proxima Centauri. "Os planetas de Proxima Centauri estão sendo atingidos por algo deste gênero não apenas uma vez por século, mas pelo menos uma vez por dia, senão várias vezes por dia," realça MacGregor.
A estrela é proeminente em discussões sobre a perspetiva de vida em torno de estrelas anãs vermelhas devido à sua proximidade com a Terra e por ser hospedeira de Proxima Centauri b, um exoplaneta que reside na zona habitável da estrela. Se houvesse vida no planeta mais próximo de Proxima Centauri, teria que ser muito diferente de qualquer forma de vida na Terra.
As observações futuras vão concentrar-se em desvendar os muitos segredos por trás das explosões de Proxima Centauri na esperança de descobrir os mecanismos internos que provocam estas poderosas explosões. "Queremos ver que surpresas esta estrela nos reserva a fim de nos ajudar e compreender a física das erupções estelares," disse MacGregor.
Os resultados do estudo foram reportados no periódico The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: National Radio Astronomy Observatory
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