Astrônomos afirmam ter descoberto o mais poderoso par de jatos já observado no espaço. Os jatos são resultantes de um pequeno buraco negro. O objeto, também conhecido como microquasar, criou uma enorme bolha de gás quente e partículas com uma dimensão de 1 mil anos-luz, o que indica que ele é duas vezes maior e dezenas de vezes mais poderoso que qualquer outro microquasar conhecido.
© ESO (bolha de gás criada por buraco negro, concepção artística)
"Ficamos espantados com a quantidade de energia ejetada no gás pelo buraco negro", diz o autor principal da pesquisa, Manfred Pakull. "Este buraco negro tem apenas algumas vezes a massa do Sol, mas é uma verdadeira versão em miniatura dos mais poderosos quasares e radiogaláxias, os quais contêm buracos negros com massas de alguns milhões de vezes a massa do Sol", afirma.
Os astrônomos basearam a pesquisa em observações do telescópio de raio-X Chandra, da Nasa, e do Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do ESO (Observatório Europeu do Sul).
Os buracos negros são conhecidos por libertarem enormes quantidades de energia enquanto absorvem matéria. Acreditava-se que a maior parte dessa energia era liberada sob a forma de radiação, principalmente as que podem ser registradas por raio-X. Mas o novo estudo indica que alguns buracos negros podem libertar tanta energia, e talvez até mais, sob a forma de jatos colimados de partículas em alta velocidade.
Esses jatos se chocam contra o gás interestelar, aquecendo e causando sua expansão. A bolha criada contém gás quente e partículas super-rápidas a diferentes temperaturas. Observações em diferentes comprimentos de onda (como raio-X, rádio e ótico) ajudam a medir essa temperatura. Ao observar as regiões onde os jatos e o gás se chocam, é possível calcular que essa bolha cresce a uma velocidade de aproximadamente 1 milhão de km/h.
© NASA/Spitzer (NGC 7793)
"O tamanho dos jatos na NGC 7793 é impressionante quando comparado com o tamanho do buraco negro a partir do qual são ejetados", diz o coautor da pesquisa Robert Soria. "Se o buraco negro fosse do tamanho de uma bola de futebol, cada jato iria se estender da Terra até além da órbita de Plutão."
Segundo o ESO, esse estudo ajudará em futuras pesquisas sobre semelhanças entre buracos negros pequenos formados de explosões de estrelas e os buracos negros supermassivos que se encontram no centro de galáxias.
O buraco negro observado fica a 12 milhões de anos-luz da Terra na periferia da galáxia espiral NGC 7793. Os cientistas acreditam, após calcular o tamanho e a velocidade de expansão da bolha, que esses jatos estão ativos há cerca de 200 mil anos.
Fonte: ESO
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