Cientistas recentemente relataram que uma estrela densa e magnética entrou em erupção violentamente e cuspiu tanta energia quanto um bilhão de sóis, e fez isso em uma fração de segundo.
© NASA/C. Smith (ilustração de magnetar emitindo poderosa rajada de raios X)
Este tipo de estrela, conhecida como magnetar, é uma estrela de nêutrons com um campo magnético excepcionalmente forte, e elas frequentemente irrompem de forma espetacular e sem qualquer aviso. Mas ainda que magnetars possam ser milhares de vezes mais brilhantes que o nosso Sol, suas erupções são tão breves e imprevisíveis que se tornam desafiadoras para que os astrofísicos as encontrem e estudem.
Entretanto, recentemente, pesquisadores conseguiram captar uma destas emissões e calcular as oscilações no brilho da magnetar enquanto estava em erupção. Os cientistas descobriram que a magnetar distante liberou tanta energia quanto o nosso Sol produz em 100.000 anos, e ela o fez em apenas um décimo de segundo.
Uma estrela de nêutrons se forma quando uma estrela enorme colapsa ao final de sua vida. Conforme a estrela morre em uma supernova, prótons e elétrons em seu núcleo são esmagados em uma massa solar comprimida que une gravidade intensa com rotação em altas velocidades e forças magnéticas poderosas. O resultado é uma estrela de nêutrons, que possui aproximadamente 1,3 a 2,5 massas solares (1 massa solar corresponde a cerca de 330.000 Terras) esmagadas em uma esfera medindo apenas 20 quilômetros de diâmetro.
As magnetars são estrelas de nêutrons com campos magnéticos 1.000 vezes mais fortes que outras estrelas de nêutrons, e elas são mais poderosas que qualquer outro objeto no Universo. Por isso, nosso Sol não é nada comparado a estas estrelas brilhantes e densas, até mesmo quando não estão em erupção. Até mesmo em um estado inativo, as magnetars podem ser 100.000 vezes mais luminosas que nosso Sol.
A magnetar, denominada GRB2001415, que produziu a breve erupção está localizada na Galáxia do Escultor, uma galáxia espiral a cerca de 13 milhões de anos-luz da Terra. O enorme flare foi detectado no dia 15 de abril de 2020, pelos instrumentos do Monitor de Interações Atmosfera-Espaço (ASIM) na Estação Espacial Internacional. Por intermédio de inteligência artificial no processamento da ASIM foi detectado o flare, permitindo que os pesquisadores analisassem este pico de energia breve e violento. O flare durou apenas 0,16 segundos, e então o sinal caiu tão rapidamente que se tornou quase indistinguível do ruído de fundo nos dados.
Apenas cerca de 30 magnetars foram identificadas entre aproximadamente 3.000 estrelas de nêutrons conhecidas, e este é o flare de magnetar mais distante já detectado. Cientistas suspeitam que erupções como esta podem ser causadas pelos chamados estelemotos (terremotos estelares), que perturbam as camadas mais externas e elásticas. E esta rara observação poderia ajudar os pesquisadores a desvendar as forças que produzem os arrotos energéticos das magnetars, de acordo com o estudo.
Um artigo foi publicado na revista Nature.
Fonte: Scientific American
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