Um recente estudo realizado na Universidade de Hong Kong descobriu um novo método para detectar estrelas de primeira geração, conhecidas como estrelas da População III, que nunca foram detectadas diretamente.
© STScI (ilustração de estrela sendo despedaçada por buraco negro)
Estas potenciais descobertas acerca das estrelas da População III prometem desvendar os segredos da origem do Universo e proporcionar uma compreensão mais profunda da notável viagem desde o cosmos primordial até ao mundo que habitamos atualmente.
Pouco depois do Big Bang ter dado início ao Universo, começaram a formar-se as primeiras estrelas, compostas principalmente por hidrogênio e hélio. As propriedades destas estrelas de primeira geração, População III, são muito diferentes das estrelas como o nosso Sol ou mesmo das que se estão se formando atualmente. Eram tremendamente quentes, gigantescas em tamanho e massa, mas de vida muito curta. As estrelas da População III são as primeiras "fábricas" a sintetizar a maior parte dos elementos mais pesados do que o hidrogênio e o hélio que nos rodeiam atualmente. São também muito importantes para a formação das gerações posteriores de estrelas e galáxias.
No entanto, até agora não houve detecções diretas e convincentes de estrelas da População III, uma vez que estas estrelas formadas no início do Universo estão muito longe e são demasiado tênues para qualquer um dos telescópios no solo ou no espaço.
Pela primeira vez, os cientistas da Universidade de Hong Kong descobriram um novo método para detectar estas primeiras estrelas no Universo primitivo. Um estudo recente, liderado pelo grupo de pesquisa da Professora Jane Lixin Dai, propôs que uma estrela da População III pode ser desfeita em pedaços pelas forças de maré caso entre na vizinhança de um buraco negro massivo.
Num tal evento de perturbação de marés (com a sigla inglesa "TDE", "Tidal Disruption Event") o buraco negro é abastecido com os detritos estelares e produz clarões muito luminosos. Os pesquisadores estudaram o complexo processo físico envolvido e demonstraram que estes surtos podem brilhar através de bilhões de anos-luz para chegar até nós hoje. Mais importante ainda, descobriram que as assinaturas únicas destas erupções de TDEs podem ser usadas para identificar a existência de estrelas da População III e obter informações sobre as suas propriedades.
Como os fótons energéticos viajam uma distância muito grande, a escala de tempo da erupção será esticada devido à expansão do Universo. Estes surtos de TDEs aumentam e decaem durante um período de tempo muito longo, o que os distingue dos TDEs de estrelas do tipo solar no Universo próximo. Curiosamente, não só as escalas de tempo das explosões são alongadas, como também o seu comprimento de onda. A luz visível e ultravioleta emitida pela TDE será transferida para emissões infravermelhas quando atingir a Terra.
As duas missões emblemáticas da NASA, o telescópio espacial James Webb e o futuro telescópio espacial Nancy Grace Roman, possuem a capacidade de observar estas emissões infravermelhas a grandes distâncias, servindo como uma descoberta indireta das estrelas da População III e desvendando os mistérios do início do Universo.
Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: Space Telescope Science Institute
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