O céu inteiro visto por raios X tem um brilho incandescente. Mesmo longe de fontes luminosas, as imagens de fora da Via Láctea apresentam um brilho constante em todas as direções. Os astrônomos já suspeitavam que as principais contribuições para essa radiação cósmica de fundo fossem buracos negros envoltos em poeira no centro das galáxias ativas. O problema é que poucos deles foram detectados para elucidar a questão.
© NASA/Goddard Space Flight Center (Cosmic X-ray Background)
A imagem mostra um gráfico da intensidade em função da energia, onde a curva azul é a radiação cósmica de fundo. A curva laranja representa a população de galáxias com forte absorção de energia. Ambas curvas têm formas espectrais e pico de energias semelhantes. A curva amarela indica absorção parcial de energia e a curva roxa indica nenhuma absorção de energia.
Uma equipe internacional de cientistas, usando dados do satélite Swift da NASA, confirmou a existência de uma grande população invisível de galáxias abastecidas com buracos negros. A emissão de raios X deles é tão fortemente absorvida que pouco mais de uma dúzia é conhecida. No entanto, apesar dos raios X pouco nítidos, essas fontes são responsáveis por pelo menos um quinto de todas as galáxias ativas do Universo.
"Essa grande cobertura de buracos negros está ao nosso redor. Mas, antes desse satélite, eles eram muito fracos e obscuros para vermos", disse Neil Gehrels, coautor do estudo e principal pesquisador do Swift no Centro Espacial Goddard, em Greenbelt, Maryland (EUA).
A maioria das grandes galáxias contém um buraco negro gigante central, e os observados no estudo do Swift pesam cerca de 100 milhões de vezes a massa do Sol. Em uma galáxia ativa, a matéria que cai em direção ao buraco negro supermassivo tem tanta energia que as duas classes de galáxias ativas, quasares e blazares, são consideradas os objetos mais luminosos do Universo.
A análise de raios X levou os astrônomos a suspeitar que as galáxias ativas foram subavaliadas. Grossas nuvens de gás e poeira cercam os buracos negros centrais, que não eram vistos de forma satisfatória em raios ultravioleta, óticos e raios X moles (de baixa energia). Embora a radiação infravermelha atinja o interior desse material, ela pode se confundir com a poeira quente nas regiões de formação estelar da galáxia.
Desde 2004, o Telescópio de Alerta de Explosões do Swift (BAT, na sigla em inglês), desenvolvido e operado pelo Centro Goddard, mapeia todo o céu com raios X duros, com energia entre 15 mil e 200 mil elétron-volts, milhares de vezes a energia da luz visível. Atualmente, o trabalho é o maior, mais sensível e completo censo sobre esse tipo de energia. Ele inclui centenas de galáxias ativas a uma distância de 650 milhões de anos-luz da Terra.
Fonte: Astrophysical Journal
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